Saúde01 janeiro, 2025

Alinhar clínico para apoiar a acreditação hospitalar e criar uma cultura de segurança

By: Dr. Dini Handayani, MARS, FISQua and Stevie Ardianto Nappoe, MPH, SKM

Por muitos anos, as questões de qualidade e de segurança do paciente estiveram no centro das atenções nas organizações de saúde em todo o mundo. Os hospitais compreendem universalmente a necessidade do cuidado de qualidade, pois sabem que cuidados de alta qualidade reduzem a incidência de erros médicos e clínicos, aumentam a reputação do hospital e, em última análise, melhoram sua saúde financeira.

Muitos hospitais gravitam em torno de programas de acreditação como o da Comissão Conjunta Internacional – CCI (Joint Commission International – JCI). Como pesquisador de padrões de acreditação internacionais e locais, acredito profundamente no papel que a acreditação desempenha na redução de danos ao paciente. Ao obter referências desses organismos de acreditação, as práticas abaixo do padrão são identificadas e eliminadas, e as melhores práticas são seguidas.

Para alcançar uma cultura de segurança, acredito que a acreditação é apenas o primeiro passo na “jornada” da qualidade. Embora a acreditação ajude as organizações a desenvolver, administrar e melhorar sistemas e processos que proporcionem melhorias na qualidade, o desenvolvimento de uma cultura de segurança inspira toda a organização a buscar os mais altos níveis de desempenho.


A adoção da medicina baseada em evidências (MBE) oferece uma clara oportunidade para melhorar a qualidade do cuidado, mas a porcentagem de médicos que se envolvem em práticas padronizadas é bastante baixa:

  • 34,2% para médicos contratados
  • 28% para médicos independentes

Compromisso com a segurança em todos os níveis da organização

Criar uma cultura de segurança requer um compromisso em todos os níveis da organização e um ambiente colaborativo e sem culpas entre todos os cargos e disciplinas, para que os problemas de segurança sejam resolvidos.

As responsabilidades do CEO e diretores são primordiais. Elas definem o tom e a visão para a jornada de qualidade e mantêm a responsabilidade individual quanto à segurança do paciente. No entanto, a liderança do hospital muitas vezes ignora uma parte crítica da jornada de qualidade, deixando de envolver significativamente os médicos do hospital no processo.

Os médicos têm um papel importante na melhoria da qualidade, tanto como líderes quanto como participantes.1 Variabilidades indesejadas no cuidado são um problema generalizado na prática clínica e um dos que mais contribuem para a baixa qualidade. A adoção da medicina baseada em evidências (MBE) oferece uma clara oportunidade para a melhoria na qualidade do cuidado, mas dados recentes mostram que a porcentagem de médicos que se envolvem em práticas padronizadas é bem baixa: 34,2% entre médicos contratados e 28% entre médicos independentes.2

Um fator que contribui para o baixo engajamento dos médicos é que eles têm um tempo limitado para se envolverem nas atividades de engajamento. Encontrar maneiras de reduzir e simplificar sua carga de trabalho provou ser uma das quatro chaves para envolver os médicos na redução da variabilidade injustificada do cuidado.3

A maioria dos médicos passa a maior parte do seu tempo administrando a clínica e realizando procedimentos cirúrgicos, visitas a enfermarias, documentação e iniciativas de qualidade etc. Assim, as estratégias de engajamento devem ser direcionadas para abordagens simples e efetivas, em vez de complicarem e aumentarem a carga de trabalho.4

A adoção pelo médico de uma medicina baseada em evidências impulsiona o compromisso com a qualidade

O uso de um suporte à decisão clínica (CDS) é uma solução eficaz para o engajamento dos médicos. O CDS deve fornecer aos médicos as informações e práticas clínicas mais recentes e baseadas em evidências, que servem como diretrizes comuns. Um CDS realmente efetivo, como o UpToDate®, fornecerá até recomendações analisando pontos de decisão complexos com base nas comorbidades e no perfil dos pacientes.

Com base em um estudo feito no Reino Unido, a confiança do paciente está associada a uma comunicação intensa com seu médico. Os pacientes querem se envolver no processo de tomada de decisão e se beneficiam da sensação de que seus problemas são levados a sério pelo médico.5 Uma colaboração bem-sucedida entre médico e paciente foi reconhecida como uma das características de um serviço de alta qualidade. Quando todos os médicos de um hospital estão engajados em práticas padronizadas, é muito mais fácil melhorar a efetividade clínica, reduzir a variabilidade no cuidado e apoiar uma cultura de segurança.

Portanto, a implantação ideal de uma solução de CDS ajudará a administração do hospital a gerenciar os riscos por meio da melhoria contínua da qualidade e de uma cultura de segurança sustentável. Os médicos serão apoiados por informações clínicas baseadas em evidências, permitindo-lhes prestar cuidados mais seguros e de melhor qualidade aos seus pacientes, melhorar a comunicação com eles e engajá-los a participar de seus próprios cuidados.

Sobre os autores

Dra. Dini Handayani, MARS, FISQua, é Diretora Executiva do Hospital Medistra, em Jacarta, Indonésia. Ela é avaliadora de acreditação hospitalar do Comitê de Acreditação Hospitalar da Indonésia (Indonesian Hospital Accreditation Committee – KARS) e avaliadora internacional da Comissão Conjunta Internacional (Joint Commission International). O Dr. Handayani é membro do Comitê Nacional de Segurança do Paciente do Ministério da Saúde da Indonésia, da ISQua (Sociedade Internacional para Qualidade em Cuidados de Saúde) e do ACHE (American College of Health Care Executive). Ela frequentemente dá palestras e escreve sobre qualidade e segurança do paciente.

Stevie Ardianto Nappoe, MPH, SKM, é um pesquisador que se concentra em saúde pública e em política e gestão de saúde. Nappoe obteve um mestrado de Saúde Pública em Organização e Política de Saúde pela Universidade de Alabama em Birmingham, EUA, 2018, e um bacharelado em Saúde Pública pela Universidade de Nusa Cendana (Undana) Kupang, Indonésia, 2011.

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UpToDate

Referências

1 Chassin M, Loeb J. High-Reliability Health Care: Getting There from Here. The Milbank Quarterly. 2013;91:459-490.
2 Lanka V. Four keys to engage physicians in care variation reduction. 2018. https://www.advisory.com/topics/care-variation-reduction/2018/12/four-keys-to-engage-physicians-in-cvr
3 Ibid.
4 Ibid.
5 Weller J, Boyd M, Cumin D. Teams, tribes and patient safety: overcoming barriers to effective teamwork in healthcare. Postgraduate Medical Journal. 2014;90(1061):149-154.
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